quarta-feira, 10 de julho de 2013

Hospital é multado após americana 'morta' acordar antes de retirada de orgãos

Um hospital na cidade americana de Syracuse, no Estado de Nova York, foi multado em US$ 6 mil (quase R$ 13.569) depois que uma mulher considerada morta acordou na mesa de operações em que deveria ser realizada uma cirurgia para a retirada de seus órgãos para doação.

O caso aconteceu em 2009 com Collen Burns, de 41 anos, que tinha sido levada para o Hospital St. Joseph por causa de uma overdose de relaxantes musculares e outras drogas como Xanax e Benadryl.

Depois de alguns exames, os médicos consideraram que Collen tinha sofrido "morte cardíaca", e a família concordou em doar os órgãos. Collen foi levada para a sala de cirurgia em que seus órgãos seriam retirados mas, quando a equipe acendeu as luzes em cima da paciente, ela acordou.

Lucille Kuss, a mãe de Collen, disse ao jornal local The Post-Standard que a experiência foi horrível para toda a família, mas os médicos nunca explicaram exatamente o que aconteceu. "Eles ficaram meio chocados. Foi uma surpresa para eles também", afirmou.

Collen, que tinha três filhos, teve alta hospitalar dias depois do incidente, mas cometeu suicídio menos de dois anos depois. Kuss afirmou que a situação não afetou sua filha. "Ela estava tão deprimida que realmente não fez nenhuma diferença para ela."

A família não moveu nenhum processo contra o hospital, mas o Estado iniciou a investigação do caso em março de 2010, em resposta a um requerimento do The Post-Standard com base na lei americana de liberdade de informação.

Erros

A investigação do Departamento Estadual de Saúde de Nova York revelou uma série de erros nos procedimentos aplicados no caso de Collen Burns. A overdose que Collen tomou e a levou para o hospital também a deixou em um estado de coma profundo, de acordo com a investigação do departamento.

Mas os funcionários do hospital interpretaram o estado dela como dano cerebral irreversível sem fazer todo o necessário para avaliar a condição real da paciente.

Um dia antes da retirada dos órgãos da paciente para doação, uma enfermeira fez um teste de reflexo, passando o dedo na sola do pé de Collen. Os dedos do pé se curvaram para baixo. "Pessoas mortas não curvam os dedos do pé", afirmou Charles Wetli, patologista forense de Nova Jersey. "E elas não lutam contra o respirador e querem respirar sozinhas", acrescentou.

Vinte minutos depois desse teste de reflexo, uma enfermeira teria aplicado uma injeção do sedativo Ativan em Collen, mas nas anotações do médico não há informações sobre o sedativo ou qualquer indicação de que eles sabiam que a condição da paciente tinha melhorado.

De acordo com o jornal The Post-Standard, também foram observados outros sinais de que Collen não tinha sofrido dano cerebral irreversível, como os médicos tinham determinado.

Na área onde os pacientes são preparados para a cirurgia, foi observado que as narinas da paciente se moveram. Ela também parecia respirar de forma independente, sem precisar do aparelho ao qual estava ligada, e os lábios e língua de Collen se moveram.

"Se você precisa dar sedativo a eles ou remédio para dor, eles não estão com morte cerebral e você não deveria estar recolhendo os órgãos", afirmou David Mayer, cirurgião e professor de cirurgia clínica no New York Medical College.

Sem exames

A análise do Departamento Estadual de Saúde concluiu que os funcionários do hospital não fizeram o tratamento recomendado para evitar que as drogas que a paciente tomou fossem absorvidas pelo estômago e intestinos.

Também não foram feitos os exames necessários para saber se Collen estava livre de todas as drogas nem os testes do cérebro necessários para a avaliação de sua condição. E os médicos também ignoraram a observação da enfermeira, que indicava que o estado de Collen tinha melhorado.

Os funcionários do Hospital St. Joseph não falam sobre o caso a pedido da família, de acordo com a porta-voz do hospital Kerry Howell. "O objetivo do St. Joseph é fornecer o atendimento de maior qualidade para cada paciente, todas as vezes. Essas políticas foram seguidas nesse caso, que foi complicado em termos de cuidado e diagnóstico", afirmou Howell.

"Aprendemos com essa experiência e mudamos nossas políticas para incluir o tipo de circunstâncias diferentes apresentadas nesse caso", acrescentou.

Fonte: iG

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